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Quadrinhos | Sandman: Das HQs para as telas de todo o mundo, por Jackie Cristina



Série "Sandman" possui fieis detalhes de suas HQs, o que a transforma numa grande obra de arte

Por Jackie Cristina


Adaptar uma obra, para a televisão e/ou cinema não é uma tarefa fácil, uma vez que é necessário se atentar a detalhes, como figurino, cenário, roteiro, personagens, entre outros fatores, que se deixados de lado, podem fazer com que a produção perca o significado principal de sua história. Mas será este o caso de "Sandman"? Apesar de ter estreado a pouco tempo, uma das mais recentes séries do serviço de streaming Netflix, vem dividindo opiniões, fazendo aqueles que não assistiram, se questionarem, talvez, sobre a qualidade do seriado.

Assim sendo, se antes, nós do CINEeCIA, trouxemos a vocês uma resenha especial sobre a série, feita por Jurandir Vicari, dessa vez, apresentaremos curiosidades e referências das HQs presentes na adaptação, os quais farão muitos decidirem em qual lado ficarão sobre assistir ou não a obra televisiva.

ATENÇÃO: Os parágrafos a seguir podem conter spoilers

Origem nos quadrinhos

Qual a origem de Sandman nos quadrinhos? Será que sua primeira aparição, se deu através dos roteiros de Neil Gaiman para a editora DC? Ou será que seu início se deu antes disso?

Bom, poucos devem se lembrar, mas o nome Sandman, já estava presente nas histórias do Universo DC, bem antes de Gaiman conquistar inúmeros fãs ao redor do globo terrestre com sua icônica narrativa. Isso mesmo! Por meio do detetive Wesley Dodds, um personagem que teve sua primeira aparição no final da década 30, pela revista Adventure Comics #40, os leitores tiveram o vislumbre inicial da célebre alcunha.

Sem poderes, Dodds utilizava uma arma de gás para colocar seus inimigos “para dormir”, o que incluía gangues locais, bandidos e até mesmo nazistas. Ao longo dos anos, o herói participou de missões ao lado de membros da grande Sociedade da Justiça da América (precursora da Liga da Justiça).



Anos mais tarde, a alcunha Sandman, ganharia novos significados pelas mãos de ninguém menos que Neil Gaiman, ao lado de Sam Kieth, Mike Dringenberg, Malcom Jones III, Dave McKean, entre outros, sendo este último, responsável pelas ilustrações presentes nas 75 edições da história concebida por estes excelentes artistas que seriam lembrados muitos anos depois do lançamento da série original, que foi entre 1989 e 1996.

Destaca-se que todas as edições publicadas, foram divididas originalmente em treze arcos, os quais mostram pouco a pouco o desenvolvimento de Morpheus, o Senhor do Sonhar, o famigerado Sandman. Além disto, os leitores também são apresentados, ao longo da narrativa, a participações especiais e easter eggs de outros heróis e personagens da editora DC. Confira abaixo a lista com os nomes dos arcos e seus respectivos capítulos:

Prelúdios e Noturnos – (1 ao 8)
A Casa de Bonecas – (9 ao 16)
Terra dos Sonhos – (17 ao 20)
Estação das Brumas – (21 ao 28)
Espelhos Distantes – (29 ao 31 e 50)
Um Jogo de Você – (32 ao 37)
Convergência – (38 ao 40)
Vidas Breves – (41 ao 49)
Fim dos Mundos – (51 ao 56)
Entes Queridos – (57 ao 69)
Despertar – (70 ao 73)
Exílio – (74)
A Tempestade – (75)

Como toda e qualquer obra, com o decorrer do tempo, Sandman “ganhou” novas edições, que acabaram alcançando mais leitores para este fascinante mundo de magia e mistérios, sendo um bom exemplo, as edições definitivas e a “coleção especial de 30 anos”.


A primeira, também conhecidas como edições de luxo, ou “Absolute Sandman”, são um compilado dos capítulos lançados, num total de cinco volumes, sendo eles: 

Sandman - Edição Definitiva Vol. 1 (do 01 ao 20)
Sandman – Edição Definitiva Vol. 2 (do 21 ao 39, junto com a história “Um Conto do Inverno”, em tradução livre)
Sandman – Edição Definitiva Vol. 3 (do 40 ao 56, junto com "Sandman Especial 1", em tradução livre)
Sandman – Edição Definitiva Vol. 4 (do 57 ao 75, junto com o conto "O Castelo")
Sandman – Edição Definitiva Vol. 5 (Exibe histórias de cada um dos Perpétuos, sem contar os contos "Caçadores de Sonhos" e "Teatro da Meia-Noite")

No que tange a segunda, intitulada como “coleção especial de 30 anos”, a temos como algo similar a sua antecessora, “Absolute Sandman”, visto que num total de quatorze edições, as dez primeiras reúnem o mesmo conteúdo dos quatro primeiros volumes “de luxo”, enquanto os quatro volumes restantes, trazem o material extra da obra.

Em meio a tantas edições especiais, não podemos esquecer os spin-offs, que através da imaginação genial de Gaiman, complementam notável e incomparável universo de Sandman, como por exemplo Lúcifer Vol. 1, O Sonhar Vol.1, 2 e 3, entre outros. Atualmente, se encontra em pré-venda no site da editora Panini Comics, o Box Sandman: Edição Especial De 30 Anos, contendo os 14 volumes da coleção, sendo embalados em uma caixa especialmente criada para os fãs da saga.





A Série 


Antes de entrarmos no quesito da série, é necessário esclarecer um ponto. Qual o significado de essência? Bom, segundo o dicionário Michaelis, temos como uma das definições da palavra, o que segue: Ideia principal, espírito.

Mas qual a razão de apresentar essa informação? Vejam bem, alguns que leram as Graphic Novels, podem “torcer o nariz”, ao compararem o material original com aquele presente na série. Contudo, independentemente de qual seja a modificação, será que a mesma, faz com que a produção perca a sua ideia principal, ou em outras palavras, a sua essência?

Com toda a certeza, a resposta é não, uma vez que logo no primeiro episódio da série, já é possível se deleitar com as referências aos quadrinhos, como por exemplo, a formação do castelo de Morpheus, a chegada do Doutor John Hathaway a moradia de Roderick Burgess, o aprisionamento e “soltura” do Rei do Sonhar, entre outros.

Quadrinhos vs Série - O Castelo

Quadrinhos vs Série - A “soltura/liberdade” do Rei do Sonhar

À medida que o público avança nos episódios, mais e mais referências surgem, fazendo com que a experiência de assistir a série, se torne cada vez mais prazerosa. Entretanto, consistirá apenas nisso? Em cenas que remetem ao trabalho original. Definitivamente não, pois além das cenas, houve a preocupação de reproduzirem, algumas das falas também, o que intensifica o nível de dedicação que tiveram ao adaptarem.

Uma grande amostra, relacionada as falas, é o diálogo inicial, presente no episódio 6 – O som de suas asas, entre Morpheus e sua irmã mais velha, a Morte. Confira abaixo um trecho retirado do capítulo 8, de mesmo nome, nos quadrinhos: 




Outro exemplo, está no Episódio 11, na história do Sonho de Mil gatos, o qual é possível ver, através do trecho abaixo, a semelhança entre a HQ e a fala disposta na série. Lembrando que a cena é a conversa final entre a gata que “se encontrou” com uma das formas de Sandman e uma gata filhote. Confira: 


Portanto, mais que uma adaptação, a série "Sandman" é uma gigantesca lição a todos os envolvidos numa produção, sejam roteiristas, diretores, produtores e até mesmo o público, pois mostra que para acertar, não é necessário transmitir exatamente, cada vírgula e ponto que esteja nos quadrinhos e/ou conteúdo original. Basta encontrar um elenco comprometido, junto a uma equipe (bem administrada), que juntos, consigam levar a cada tela, a essência, o espirito, que o escritor/artista, quis transmitir em sua história.

Torcemos para que haja mais e mais temporadas da obra, com a mesma qualidade de sua precursora!