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Play | Resenha "O Predador: A Caçada", por Jurandir Vicari



Com ar de renovação, franquia "Predador" ganha uma obra-prima que traz ação, ficção e slasher, focando no passado ao invés do futuro tecnológico

Por Jurandir Vicari


Com tanto filme de mediano a ruim chegando as salas de cinema, é incompreensível que "O Predador: A Caçada" tenha sido lançado diretamente no streaming, estreando no Star+.  Uma obra-prima com aproximadamente 1 hora e quarenta minutos, o tempo ideal para um filme de ação e ficção com pitadas de slasher.

A ideia é bem simples, quase crua, mas funciona muito bem para contar sobre um Predador chegando a Terra em 1700, sem tantos aparatos tecnológicos, mas muito sangue nos olhos. Desde o original, de 1987, estrelado por Arnold Schwarzenegger, que não via uma história que combina tanto com esse alienígena.

O cineasta Dan Trachtenberg ("Rua Cloverfield, 10"), acertou em cheio ao focar no sangue, apresentando diversas formas de caçar e matar, sendo todas elas bem sangrentas. Vemos o Predador triturando suas presas de diversas maneiras, demonstrando o quanto ele é perturbado. Entranhas expostas, cabeças decapitadas, braços arrancados, pernas cortadas é o que define esse cruel assassino interestelar. Esse conteúdo sanguinolento não se limita as vítimas do Predador, temos também as mortes ocorrendo na natureza, e sendo demonstrado como necessário no ciclo da vida que, ao contrário do que vemos em "O Rei Leão", jaz aqui uma realidade bem brutal e realista.

No plano de fundo, vemos Naru (Amber Midthunder, das séries "Legion" e "Roswell, Nem México") tentando lutar contra o machismo de sua tribo para ser uma caçadora tão boa quanto seu irmão. Ela sabe rastrear os animais, construir armas, conhece a medicina praticada por seu povo, mas ainda não é uma boa caçadora e, para contar essa história vemos sempre ela pequena se comparara a vastidão da natureza. Com planos bem amplos explorando o cenário natural, que só reforça a ideia de que ela é uma menina, lutando contra tudo, seja as grandes montanhas, largos rios, mangues, árvores ancestrais e animais colossais como lobo, leão e urso, mesmo assim ela não desiste, se ela não é boa o suficiente, ela vai lutar para ser.

Naru, parece sobrecarregada na luta contra seu próprio povo para achar o seu lugar, aí surge um assassino nunca antes visto, para dificultar ainda mais a sua jornada, só que não é só isso, um dos mais notórios predadores vem ainda trazer um novo obstáculo, mas não vou falar muito sobre isso para não estragar a experiência, afinal, temos um plot twist muito bem pensado e executado.

Se os longas anteriores são alicerçados na tecnologia, "O Predador: A Caçada" tem como um grande diferencial se prender na simplicidade de um roteiro bem escrito, atuação carismática, cenários impactantes, numa soma que resulta em uma história que cativa e impacta, sem ser tão mirabolante ou com apego numa estrutura que exige que obras sci-fi sejam sempre presas em apresentar o futuro repleto de aparatos tecnológicos, e ainda assim recuperando a essência esquecida pelos demais filmes da saga.

Ouso apostar que, depois deste filme, a franquia carrega um ar de renovação, o que pode garantir novos filmes em breve.