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Cinema | Exclusivo! Participamos de um bate-papo com Jeffrey Wright


Inspiração nas HQs, trabalhar ao lado de Robert Pattinson e trazer Gotham City para os dias atuais, foram os principais temas desta conversa

Por Paulo Costa


"Batman" chega aos cinemas nacionais em 03 de março, e apresenta o personagem sob uma nova e ousada ótica, de forma engenhosa, sombria e perturbadora temos um novo filme de origem deste vigilante noturno, trazendo ao grande público um "Batman Detetive", que exercita e trabalha sua inteligência com cautela e rapidez, ainda mais quando se depara com um perigo que exige uma capacidade aguçada para desvendar enigmas.

O elenco vem recheado de astros e traz Robert Pattinson como o Homem Morcego/Bruce Wayne, ao seu lado temos Zoe Kravitz como Selina Kyle/Mulher Gato, Colin Farrell como Pinguim e Paul Dano dando vida ao brilhante e sádico Charada. O time se completa com Alfred sendo interpretado por Andy Serkis enquanto o personagem James Gordon é vivido por Jeffrey Wright, com quem, a convite da Warner Bros. Pictures, participamos de uma sessão exclusiva de perguntas e respostas.

De inicio questionamos sobre a motivações que levam um tenente tão experiente como Gordon, a recorrer a alguém como o Batman. O que o faz pensar que tanto James Gordon, como a própria Gotham City precisam deste Vigilante?

O que leva um policial a confiar em um justiceiro? | Divulgação

Jeffrey Wright responde que "Bem, Gotham está em um precipício, não é mais a cidade que já foi um dia. Está deteriorada. Está corrompida. E para Gordon, mesmo dentro do departamento de polícia e nos círculos políticos, ele não tem certeza de onde pode depositar sua confiança. E de alguma forma, ele deposita sua confiança em Batman.", e complementa "E da mesma forma, o Batman confia em poucos, e de alguma maneira, ele confia e se junta a Gordon. E acho que o isolamento em que Gordon e Batman se encontram é um atrativo para o público, porque o público também está procurando em quem podem confiar."

"E esse mundo que é instável, esse mundo que parece estar caindo para essas forças nefastas... eu acho que de certa forma imita um cenário contemporâneo para o público, onde as coisas são fluidas e é difícil encontrar as coisas que são confiáveis, eles fazem encontrá-los nesses dois personagens e seu relacionamento. E, assim, o isolamento serve a muitos propósitos e, em última análise, serve como um vínculo entre eles.", finaliza o ator.

Um ponto importante na obra é a existência de uma química e um entrosamento absurdo entre o elenco que conduz a trama e funciona muito bem em tela, aproveitando esta premissa perguntamos sobre a parceria no set que Jeffrey teve com os colegas de cena, assim como a equipe técnica do filme, e como foi trabalhar com Robert Pattinson e o processo para criar esses personagens juntos.

"Desde o primeiro momento no set, que entramos em uma sala juntos, já éramos uma dupla. E o que quer que eu faça depende do que Robert está trazendo para a cena e, da mesma forma, para ele, ele está aproveitando a minha energia." comentou Wright.

"Estamos fazendo isso dentro do alcance de visão de Matt para o filme e o clima definido nas filmagens por Greig Fraser, que é absolutamente singular. Trabalhei com alguns diretores de fotografia incríveis, mas o que Greig estava fazendo em cada quadro estava me deixando louco. E isso apenas deu um tom, deu um molde para como estávamos contando nossa história." E ele conclui "Estávamos totalmente imersos em tudo o que fazíamos. Qualquer coisa que eu fiz foi criada pelo trabalho de todos os outros atores ao meu redor, mais especificamente Rob, e todos os designers, e Matt, e eu acho que todos nós estávamos jogando um com o outro dessa maneira para criar nossa própria Gotham. Uma Gotham nossa, que nós a construímos juntos."

Jeffrey falou também sobre a atemporal Gotham, de 1939 para o mundo atual | Divulgação

Para a criação de seu personagem, questionamos se houve uma pesquisa mais profunda. Se ele já havia lido algumas HQs antes e como encontrou inspiração nelas?

Sem nem pestanejar, Jeffrey Wright conta que sim "Absolutamente. Eu queria traçar a evolução da série. Então, eu comecei do inicio, do volume 1, de 1939, comecei por lá. O primeiro quadro é Bruce Wayne e Gordon. Li alguns da Idade de Ouro, depois da Idade do Bronze e depois, claro, as coisas contemporâneas. Eu não li o cânone inteiro, mas peguei algumas migalhas de pão ao longo do caminho porque queria entender especificamente como meu Gordon poderia existir em nossa Gotham." ele complementa "E o que é maravilhoso nessa série é que, bem, ela durou muitas décadas, mas também foi continuamente atualizada ao longo do caminho. Então, o primeiro Batmóvel que veremos é um sedã meio arroxeado/amarronzado, mas certamente não é um veículo que você colocaria em um filme do século 21. E Gordon em 1939 é um homem muito específico, mas não o homem que estou retratando em uma Gotham contemporânea."

Ainda sobre as HQs ele comenta a semelhança da fictícia Gotham com a cidade de Nova York "E o curioso também foi voltar e ler sobre Bob Kane e Bill Finger, e a forma como eles criaram esse mundo baseado na cidade de Nova York. Eles moravam no Bronx e estavam usando a cidade como tela para criar sua Gotham. Assim, a Nova York de 1939 é muito diferente da cidade de hoje." e aproveita para explicar o processo de atualização dos personagens e da ambientação "O que eu queria entender é como estávamos atualizando esses personagens, como estávamos atualizando a população de Gotham. Porque a demografia, por exemplo, de 1939 é extremamente diferente da demografia de uma cidade de Nova York contemporânea. Portanto, os aspectos de Gotham em nosso filme vai refletir isso. Eu queria responder a pergunta para mim mesmo, como me coloco neste mundo nesse sentido? E também eu só queria seguir a trajetória na medida do possível da narrativa, para entender onde estávamos nos colocando ao longo do caminho."

Com direção de Matt Reeves e roteiro assinado por Reeves e Peter Craig, vale dizer que o longa realmente deixa de lado todo o universo fantasioso criado para Gotham City em filmes anteriores, e transpõe todo o enredo para um mundo contemporâneo, e explora com cautela e maestria temas atuais e de sua relevância. Para finalizar, pegamos essa deixa, sobre criar um universo atual, para elogiar o quanto o filme consegue ser ao mesmo tempo oportuno e atemporal, e que se essa era a intenção de todos, a missão foi cumprida com êxito. E também para agradecemos pela conversa.

Jeffrey Wright apenas nos responde "Legal! Muito bom ouvir isso." e finaliza "Eu que agradeço pela conversa."

"Batman" que chega aos cinemas na quinta-feira, conta com sessões de pré-estreia pagas nos dias 01 e 02 de março. Você pode aproveitar para garantir seus ingressos e também conferir a nossa resenha!