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Cinema | "Viúva Negra", Resenha por Paulo Costa
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Muito mais do que um filme de super-heróis, uma ousada e engenhosa obra de espionagem do mais alto nível
Por Paulo Costa
Se com "Guerra Infinita" (2018) e "Ultimato" (2019) a Marvel Studios obteve êxito ao redefinir sua fórmula e entregar uma história mais madura e com maior dramaticidade, é com alegria que posso garantir que com "Viúva Negra" (Black Widow) a produtora mais uma vez surpreende e entrega o seu filme mais adulto.
O tão aguardado filme solo de Natasha Romanoff, que chega aos cinemas em 8 de julho e também aos Disney+ no dia 9 através do Premier Access, não é exatamente um filme de origem e transcorre entre pós "Guerra Civil" (2016) e com gancho para "Guerra Infinita". Somos apresentados logo no inicio à sua infância, centrada no ano de 1995, e de forma bem sucinta o que aconteceu com o passar do tempo, até chegarmos a 21 anos depois, quando Natasha precisará confrontar fantasmas de seu passado para enfrentar uma conspiração perigosa com grande ligação a sua história. Perseguida incansavelmente, ela terá que lidar com sua antiga vida de espiã, além de reencontrar membros de sua família que deixou para trás antes de se tornar uma Vingadora.
A obra chega com uma atmosfera densa e muito violenta, e isso não é nem um pouco ruim, pelo contrário, toda esta carga transpões para as telas exatamente a essência que a personagem trás consigo, ao mesmo tempo em que trama constrói uma bela e engenhosa narrativa cheia de mistérios, que vai além de um simples filme de super-heróis, tornando-o em um filme de espionagem do mais alto nível, não deixando a desejar em nada se comparado a importantes filmes do gênero.
Com um roteiro que se apropria da dramaticidade crescente, mesclada com sutis toques de humor sarcástico, incluindo respostas à piadas machistas, o enredo também consegue se desenvolver muito bem ao explorar questões familiares, construindo laços e relações afetivas profundas entre os personagens centrais. Por mais que estes sejam apenas espiões que num passado fingiam ser uma família americana tradicional, ainda assim capaz de trazer a tona questões deixadas para trás, mas que cada qual passou a vida toda carregando-as e as remoendo.
A direção da australiana Cate Shortland é certeira, entregando cenas ousadas com uma olhar mais delicado quando necessário, construindo interessantes momentos centrados no drama familiar, e quase que sempre trazendo todo o empoderamento que a obra e suas personagens necessitam, sem ser algo exacerbado ou apenas para levantar uma bandeira. Com esta sutileza fica mais do que explicito ao expectador que estamos vendo um filme sobre mulheres "badass" feito por mulheres talentosas, e que a Marvel Studios pode e deve aproveitar cada vez a oportunidade de dar voz às mulheres na frente a atrás das câmeras, algo que desejo muito ver novamente em "Eternos", que deve chegar por aqui em novembro deste ano.
Scarlett Johansson esta deslumbrante e é possível notar a cada cena que a atriz esta ali se despedindo gradualmente de sua personagem, até chegar ao ápice. Florence Pugh, que depois de despontar em filmes mais cults, é uma grata surpresa, a química com Scarlett rende momentos interessantes, valendo boas tretas entre "irmãs". O mesmo pode-se dizer de Rachel Weizs e David Harbour, que juntos criam cenas hilárias e trazem um pouco de alivio a toda a tensão composta.
Como nem tudo são flores, senti que em determinados momentos as tramas secundárias foram muito subutilizadas, e isso inclui personagens importantes como o vilão Dreykov, interpretado por Ray Winstone, o enredo envolto a morte de sua filha, assim como as circunstâncias que o levou a ser de fato o grande malvado, merecia um destaque maior e mais elaborado. O mesmo acontece com Rick Mason, personagem de O. T. Fagbenle, que estampa o cartaz mas acabou apagado na história, sendo quase que um personagem terciário e, no entanto, poderia render um bom contexto afetivo e ate mesmo carregar um amor platônico com Romanoff.
Em relação as questões técnicas não há o que reclamar, seja a bela fotografia que em momentos mais densos esta sempre carregada em tons mais escuros e avermelhados, e consequentemente em momentos mais sóbrios sempre com muito branco e cores mais claras. Seja nas paisagens deslumbrantes que vão de Marrocos, passando pela Noruega e chegando a Budapeste. Ou então a estonteante trilha original composta pelo inigualável Alexandre Desplat. Tudo muito bem combinado em uma edição frenética que nos proporciona uma jornada sombria dentro e fora da mente da personagem central.
Mesmo que "Viúva Negra" seja um filme totalmente fora do timing, sendo lançado de forma tardia, trazendo uma historia que merecia ser contada há pelo menos 5 anos atrás, ainda assim temos um grande e importante filme que marca o inicio da Fase 4 e também a despedida de uma das melhores personagens que o Universo Cinematografia da Marvel (MCU) já teve, mas que infelizmente pouco souberam aproveitar e agora já não da mais parar reparar este grave desperdício cometido pela produtora. Mas que fique de lição para os próximos filmes: trabalhem mais o enredo de suas super-heroínas!