Uma trip louca e frenética, mas totalmente necessária e reflexiva
Por Jurandir Vicari
Eu vi o trailer de "Depois a Louca Sou Eu" e me chamou bastante a atenção, além de me despertar muita curiosidade. Me preparei pra estreia, porém veio a pandemia e perdi a oportunidade de ver esse filme nas telonas. Contudo, para minha alegria, ele já está disponível no catalogo da Amazon Prime Video e matei a "lombriga" e não me arrependi.
"Depois a Louca Sou Eu" é um ótimo filme nacional baseado no livro homônimo da escritora Tati Bernarde, bastante famosa por outro livro que também virou filme: "Meu Passado Me Condena", trabalho que marcou o inicio da parceria entre a autora e a cineasta Julia Rezende, e que se repete neste novo longa. O que comprova a minha certeza que o olhar dessas mulheres facilitou trazer os dramas vividos pela personagem em cena.
Nesta obra a autora consegue te colocar no primeiro carinho de uma montanha-russa de emoções, as vezes até um pouco autodestrutivas, mas nunca tediosas da sua vida. O enredo conta a vida de Dani, paulista que vive no tradicional bairro do Tatuapé, onde é criada pelos avós e mãe, após a separação dos pais. Ela vai crescendo e junto com ela a ansiedade e a auto sabotagem. Ela procura várias terapias e faz usos de diversos medicamentos para tentar viver melhor.
Quem da vida a esta protagonista é Débora Falabella, que contracena sua amiga e parceira em vários projetos, a atriz Yara de Novaes, e também com seu companheiro na vida real, o ator Gustavo Vaz. E todos dão um show de interpretação. Exagerando quando é de bom tom, ou sendo minimalista quando necessário. E talvez pelo convívio real entre eles os personagens ficam tão críveis, o que transmite veracidade em cada cena.
Outro ponto que gostei foi a maneira responsável e a madura que as doenças mentais e uso de psicotrópicos são retratados no filme e, que em nenhum momento, isso é glamourizado. Claro que tem um tom de comédia e romance, mas sempre representado pelo tragicômico do que pela graça e pela beleza.
Eu fico muito feliz quando consigo elogiar um filme brasileiro, e "Depois a Louca Sou Eu" está de parabéns, é uma trip louca e frenética mas totalmente necessária e reflexiva sobre o mundo contemporâneo e a forma com que as pessoas se relacionam e lidam umas com as outras. Além de que, temos mais essa comédia para tirar o gosto amargo da perda do Rei do Humor recente: Paulo Gustavo!