Muito mais grandioso, filme traz cenas de ação maiores com uma tensão crescente a cada minuto
Por Paulo Costa
Você pode até não concordar, mas em um safra saturada de remakes, reboots e sequências, o que John Krsinski fez com "Um Lugar Silencioso" (A Quiet Place) foi inovador em todos os sentidos. Lançado em 2018, o suspense/terror protagonizado por Emily Blunt, foi recebido com louvor tanto pela crítica quanto pelo público, que ficou extasiado com uma obra que, mesmo com poucos diálogos, pudesse ser tão primorosas em diversas questões, além de ser ao mesmo tempo psicologicamente assustadora. Felizmente, tal feito se mantêm em uma sequência que consegue se reinventar sem perder o nível que o colocou como o favorito daquele ano na lista de muitos.
Em "Um Lugar Silencioso - Parte II", que chega aos cinemas nacionais em 25 de julho, temos uma trama inicial que apresenta o primeiro dia desta grandiosa catástrofe. Em poucos detalhes somos submetidos a algumas possíveis explicações de como as criaturas apresentadas no primeiro longa vieram parar na Terra. A princípio pode parecer uma cena aleatória, para não dizer desnecessária, quando na realidade ela é além de tudo, um gancho para nos apresentar, mesmo que rapidamente o personagem de Cillian Murphy, Emmet, que ganhara mais destaques e será muito mais trabalhado no decorrer da segunda e terceira parte da trama.
Depois disso somos submetidos ao dia 474, que apresenta os acontecimentos seguintes ao filme anterior, onde a família Abbott precisará encarar o terror mundo afora, continuando a lutar para sobreviver em silêncio, além da escassez de comida, suprimentos médicos e outras coisas. Eles serão obrigados a se aventurar pelo desconhecido e rapidamente perceberão que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças que os observam pelo caminho.
Muito mais grandioso e ainda assim sem perder sua originalidade, o filme traz cenas de ação ainda maiores e muito mais dinâmicas, talvez um pouco da essência de um de seus produtores, o cineasta Michael Bay (franquia "Transformers"), assim como uma presença visual mais marcante e assustadora das criaturas. A tensão é crescente a cada minuto que a história avança, o que com certeza garante bons sustos e uma ótima dose de adrenalina no expectador. A ausência de som é ainda mais trabalhada, e muito bem explorada quando estamos observando os acontecimentos pela visão da personagem Regan, o que torna a experiência gradualmente mais angustiante e perturbadora.
Do elenco original retornam Emily Blunt, que continua excelente como a mãe que além dos dois filhos apresentados anteriormente, agora precisar lutar para proteger seu filho recém nascido. A jovem Millicent Simmonds, que interpreta Regan, a filha, que teve uma participação grandiosa no final do primeiro longa, agora ganha o protagonismo que merece. Para os desavisados de plantão, a atriz é realmente deficiente auditiva, ela perdeu a capacidade de escutar aos onze anos de idade, o que torna sua personagem ainda mais visceral. Noah Jupe também retorna como Marcus, o filho, e também o protetor do bebê. O elenco ainda traz nomes conhecidos para dar vida a personagens inéditos, como o já citado Cillian Murphy, e Djimon Hounsou, que talvez seja uma das poucas criticas negativas que tenho a apresentar sobre a obra, já que seu personagem não tem construção alguma, e muito menos uma decente apresentação de quem ele é, o que faz com que o publico não crie nenhum elo afetivo com ele.
Outro ponto que pode vir a desagradar a muitos é o desfecho totalmente em aberto, que deixa algumas pontas soltas e cria-se um leque de possibilidades infinitas, principalmente para a terceira parte que foi confirmada antes mesmo do longa chegar aos cinemas, e que sofreu diversas alterações em sua data de estreia em decorrência da pandemia. Recentemente em entrevista, John Krasinski deixou claro que tal desfecho será o fio narrativo do próximo capítulo, um derivado da franquia, e não uma continuação direta, o que ainda me traz uma ponta de esperança de termos o personagem de Hounsou sendo seu grande protagonista.
"Um Lugar Silencioso - Parte II" como um todo, é um filme tão maior do que se imagina que merece ser assistido na tela grande e em uma sala com o melhor som possível, pois, ironicamente, a qualidade sonora é impecável, assim como a sua trilha original composta por Marco Beltrami, tornando-o ainda mais imersivo. Além de ser uma obra assustadoramente realista, onde as vezes, os próprios humanos são mais vilões do que criaturas vinda do espaço.