Uma reflexão sobre onde está a verdadeira lealdade
Por Helen Nice
O livro "A espiã que tentou parar uma guerra - Katharine Gun e o plano secreto para sancionar a invasão do Iraque" (The spy who tried to stop a war) de Marcia Mitchell e Thomas Mitchell foi a inspiração para o filme "Segredos Oficiais" (Official Secrets). Dirigido por Gavin Hood ("Infancia Roubada" e "Decisão de Risco"), o longa de espionagem entra em cartaz nesta quinta-feira, 31/10.
Na trama, Keira Knightley interpreta Katharine, que aos 28 anos de idade trabalhava como tradutora no GCHQ (Government Communications Headquarters), serviço de inteligência britânico encarregado da segurança e da espionagem e contraespionagem nas comunicações, também responsável pela garantia de informação ao Governo Britânico e às Forças Armadas daquele país. Casada com Yasar Gun (Adam Barki), que tentava legalizar sua permanência no país, vivia uma rotina normal até um fatídico dia, quando em janeiro de 2003 ela recebeu como parte de seu trabalho um e-mail da Agência de Segurança Nacional dos EUA que solicitava uma operação ilegal que garantiria o apoio à ONU na invasão do Iraque.
A partir do momento que Katharine aceitou trabalhar para a agência oficial concordou como fato de não poder comentar ou vazar qualquer tipo de informação confidencial do trabalho sob pena de estar infringindo a Lei de Segredos Oficiais. Porém, horrorizada com os fatos e em como eles levariam à uma guerra que não tinha fundamentos reais, já que eles - os detentores da informação - faziam crer que o Iraque tinha armas de destruição em massa, o que não era verdade, e por isso deveria ser invadido. Ela decidiu por copiar o e-mail e vazar estas informações para ativistas e para a imprensa britânica. Após esta atitude Katharine foi presa sob a Lei dos Segredos Oficiais e teve sua vida completamente modificada.
Baseado em fatos recentes que estiveram na mídia, é possível lembrar dos
episódios e reconhecer o outro lado do espelho onde as mentiras e
falcatruas políticas imperam. O filme é um thriller psicológico que faz o público refletir sobre onde está a verdadeira lealdade. Onde notícias são manipuladas e a verdade sendo empurrada para debaixo do tapete a fim de se conseguir o que se deseja. Os fins justificam os meios? Nem sempre! E a democracia segue sendo violada e nós somos meros coadjuvantes no jogo do poder. No caso de Katharine, sua consciência e lealdade à sua verdade interior falou mais alto e ela não teve medo das consequências.
O jornalista Martin Bright (Matt Smith), do The Guardian, que publicou a notícia também agiu em nome da verdade ou pensou apenas em ganhar público? Os advogados da acusação e defesa lutaram pela justiça e veracidade dos fatos ou foram apenas peças do jogo?
O longa traz estes fatos de forma linear e didática sem grandes explosões de atuação. A própria Keira Knightley entrega uma atuação bem morna no papel, lhe falta empenho e vibração em cenas com uma carga mais impactantes.
Contudo o filme serve como informação e reflexão.
Uma atitude pode não mudar o mundo... mas leva à conscientização.
Uma atitude pode não mudar o mundo... mas leva à conscientização.