12 filmes para ajudar a conscientizar a todos da importância deste dia
Dia 20 de novembro é o dia da
morte de Zumbi dos Palmares que em 1995 foi incluso como um dos Heróis da Pátria.
Em 2003, este dia também passou a ser conhecido
como Dia da Consciência Negra. Você
certamente já deve ter ouvido aquela de “ah mas tem que ter dia da consciência XYZ”
ou “Somos todos humanos, etc, etc etc", de quem não entende o motivo deste dia existir.
Para estas pessoas recomendo ler de fontes confiáveis o pouco que sabemos sobre
a história dos quilombos e da escravidão no Brasil (muita coisa foi “perdida”
ao longo dos anos) e faça o exercício de ouvir quem PRECISA de fala neste dia.
Mas somos um blog sobre cinema, sendo
assim nada melhor que indicar obras da nossa arte favorita para você negro,
lembrar que nossa luta vem de muito tempo e está longe de acabar e para nossos
outros irmãos humanos lembrarem o porquê precisamos lutar diariamente.
Ubuntu !
1 - Estrelas além do tempo (Hideen
Figures), 2016: O primeiro escolhido da
lista acaba sendo uma história de otimismo que ocorreu em meio aos anos de segregação racial
americana. No auge da corrida espacial entre Estados Unidos e Rússia durante a
Guerra Fria, em 1961, 3 cientistas afro-americanas da NASA, tornam-se o
elemento crucial na equação para a vitória norte americana, liderando uma das
maiores operações tecnológicas registradas na história do país e tornando-se verdadeiras heroínas da nação.
Filme protagonizado por Taraji P.
Henson, Octavia Spencer, Janelle Monáe foi indicado ao Oscar de melhor filme,
melhor atriz coadjuvante para Octavia e melhor roteiro adaptado. Pharrel Willians
é um dos produtores e cuidou também da trilha sonora do filme que é bem boa.
Vejam um pouco sobre a histórias
destas 3 mulheres incríveis no aqui
2 - Cara Gente Branca (Dear White People),
2014: Filme que deu origem a excelente série do Netflix (assistam!) mostra
pontos de vista do racismo estrutural em uma grande universidade norte americana
quando os alunos brancos decidem dar uma festa temática de Halloween sobre a
raça negra e por consequência, quatro alunos negros começam uma manifestação. Onde
começa o racismo e que é o pensamento politicamente correto e condescendente a
respeito da diversidade racial são os temas do longa.
Protagonizado por Tyler
James Williams, Tessa Thompson, Kyle Gallner, recebeu prêmios no circuito de
filmes, Tessa recebeu o de melhor atriz no Gotham Independent film e Prêmio
Independent Spirit de Melhor Primeiro Roteiro para o roteirista e diretor
Justin Simien.
3 - Creed: Nascido para lutar (Creed),
2013: Ryan Coogler conseguiu pegar uma história de um italo-americano,
moderniza-la e converter para a realidade de um afro-americano.
Adonis Johnson, filho do campeão
de boxe Apollo Creed, pede a Rocky Balboa, que está aposentado, para ser seu
treinador. Rocky aceita, mas tem dúvidas se Adonis tem o coração de um
verdadeiro lutador.
Apesar do tema de Creed não ser focado
no racismo, e sim crescimento, amor e superação a importância do filme nesta
lista é imensa. Coogler que viria após a este longa ser o diretor e roteirista
de um dos maiores fenômenos de Hollywood nos últimos anos, Pantera Negra,
mostrou aqui todo seu potencial e qualidade, que já tinha mostrado no excelente
Fruitvale Station, porém infelizmente, não era um filme de massa. O retrato da
periferia que o diretor mostra no longa é extremamente importante para entender
Adonis. Creed deixou de ser só uma boa sequência de uma franquia de sucesso,
passou a ser um belo reboot.
Filme trouxe uma nova indicação ao
Oscar para Silvester Stallone, como melhor ator coadjuvante. Michael B. Jordan
e Tessa Thompson consolidaram sua ascensão a grandes nomes do novo cinema
norte-americano.
4 - Pantera Negra (Black Panther),
2018: Continuarei falando de Ryan Coogler e espero que por muitos anos! Coogler
nos entrega um filme de herói que tem tanta coisa que deve ser discutida sem
ser chato ou inacessível para a grande massa, um vilão excelente e factível (leia
nossa crítica e o veja nosso vídeo sobre o filme). Tanto que o filme
é a 4ª bilheteria mundial de todos os tempos. Criação das lendas Stan Lee e
Jack Kirby, Pantera foi o primeiro herói negro a protagonizar HQs em uma editora
de grande alcance como a Marvel.
Após a morte do rei T'Chaka, o
príncipe T'Challa retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação com as cinco
tribos que compõem o reino, sendo que uma delas, os Jabari, não apoia o atual
governo. T'Challa recebe o apoio de Okoye a chefe da guarda de Wakanda, as Dora Milaje, da irmã Shuri especialista em tecnologia e ciências do reino, e de
Nakia sua grande paixão, que não quer se tornar rainha. Juntos, eles estão à
procura de Ulysses Klaus, que roubou de vibranium, alguns anos atrás, mas uma
reviravolta nesta caçada traz alguém de um passado que Wakanda desconhecia.
Filme tem um elenco incrível,
protagonizado por Chadewick Boseman, temos ainda Michael B. Jordan repetindo
sua parceria de sucesso com Coogler, a ganhadora do Oscar Lupyta Nyongo’o, Danai
Gurira conhecida pela Michonne de The Walking Dead, os novatos saídos de Black Mirror
Letitia Wright e Daniel Kuluuya além de Angela Basset, Forest Whitaker, Martin
Freeman, Andy Serkis e Sterling K. Brown.
Wakanda Forever !!!
5 - Fruitvale Station: A última Parada
(Fruitvale Station), 2013: Mais um do
Coogler, que tem Michael B. Jordan. Mais um que merece ser assistido, mais um
que trata assuntos tão comuns ao nosso dia a dia que parece mais um tapa na
nossa cara.
O personagem de Jordan, Oscar
Grant é demitido do emprego, omite de Sophina (Melonie Diaz), mãe de sua filha,
por pensar que pode recuperar o emprego após conversar com seu chefe. Porém ao longo das 24 horas que acompanhamos a
vida do jovem, somos levados a momentos de tristeza e desespero, onde
julgamentos prévios e decisões erradas revelam a face racista da sociedade. A
maravilhosa Octavia Spencer brilha novamente como mãe de Jordan no longa.
6 - A Cor Purpura (The Color Purple),
1985: Se tem uma lista longa de filme que foram menosprezados no Oscar ao longo
dos anos, certamente esse está entre as primeiras posições. Whoopi Goldberg em
sua primeira incursão no cinema brilha ao contar a história de Celie, que aos
14 anos foi estuprada por seu pai, engravida, é separada dos filhos e de sua
irmã, sendo doada é doada a Mister, personagem de Danny Glover que a
trata como escrava e companheira e que verdadeiramente é apaixonado por Shug (Margareth
Avery). Celie, solitária compartilha sua tristeza em cartas para Deus e para
sua irmã que é missionaria na Africa. Mas quando Shug, aliada à Sofia, Oprah
Winfrey, nora de Mister, entram em sua vida, Celie torna-se muito mais do que acreditava
que poderia ser e que o mundo lhe oferecia até então.
Este belo filme produzido por
Quincy Jones e dirigido por Steven Spielberg, foi baseado no romance best-seller
de Alice Walker. A forma como a autora tratava sofrimento de Celie é o ponto
chave para que o filme seja considerado um dos melhores da história do cinema ao
tratar de misoginia e preconceito racial.
Spielberg e Oprah resolveram criar
uma versão musical da história. Deve vir lágrimas aos montes para todos em
breve. E por favor, com um personagem para a Whoopi!
7 - Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight),
2016: O filme de Barry Jenkins, ganhador do prêmio de melhor filme no polêmico Oscar de
2017, conta o crescimento de um rapaz afro-americano de periferia, filho de uma
mãe solteira e suas descobertas sexuais de forma leve e brutal ao mesmo tempo. Black/Chiron trilha uma jornada de autoconhecimento enquanto tenta escapar do caminho fácil
da criminalidade e do mundo das drogas de Miami. Encontrando amor em locais
surpreendentes, ele sonha com um futuro maravilhoso.
Preconceitos em geral são
tratados neste filme, todos sem cair em clichês (tirando a mãe solteira drogada, que fica a desejar, apesar da excelente interpretação de Naomie Harris). As dúvidas sobre sua homossexualidade e a sobre vida a envolta
ao crime e as drogas moldam o protagonista. O filme, dividido em 3 partes, mostra
a infância, adolescência e a vida adulta de Black nos mostrando como ele chega
a cada ponto de sua jornada. O protagonista tem como mentor o personagem que deu
o Oscar ao incrível Mahershala Ali, que nos mostra que apesar de sua origem, as
pessoas são mais e melhores do que suas “capas sociais” que a vida os obrigam a
vestir.
Além dos prêmios já citados,
Moonlight também levou o de melhor roteiro adaptado na cerimônia de 2017. E importante
destacar que Mahershala foi o primeiro ator de origem muçulmana a ganhar um dos
prêmios principais do Oscar. Alem de Ali, estrelam Janelle
Monáe, Naomie Harris e Trevante Rhodes.
8 - Corra (Get Out), 2017: O terror psicológico
de Jordan Peele foi uma das maiores surpresas dos últimos tempos. A trama é em princípio, simples, um jovem
fotógrafo descobre um segredo sombrio quando conhece os pais aparentemente
amigáveis da sua namorada, branca. Ao longo do filme somos levados ao entendimento
do que a família da namorada era e fazia. O tal do “Não sou preconceituoso,
tenho amigos negros” é jogado na nossa cara de uma maneira diferente do tradicional,
devido ao gênero do filme. Daniel Kaluuya está muito bem no longa, inclusive
foi indicado ao Oscar de melhor ator (a cena dele lutando contra a lavagem
cerebral dos Armitage é impressionante e ligeiramente claustrofóbica).
A história desenvolvida é bem
propícia aos tempos que estamos vivendo. Eu que particularmente não sou a maior
fã do filme (vejo que falta profundidade ao tema tão importante que levanta), entendo
sua importância. Levou prêmio de melhor roteiro da adaptado recebido no Oscar
de 2018. Por ser um filme de terror que trata de temática racismo achei mais do
que necessária sua presença nesta lista. Assistam e tirem suas conclusões. Completam o elenco com, Allison
Williams, Bradley Whitford, Caleb Landry Jones, Stephen Root, Lakeith Stanfield
e Catherine Keener.
9 - A Felicidade por um Fio (Nappily Ever After), 2018: Aceitação. Toda mulher negra passa por problemas de se aceitar, por não se enxergar nos padrões que a sociedade estipula como belo. Este drama disponibilizado recentemente na Netflix se firma em um dos temas mais recorrentes para nós negras, para tratar sobre perfeição e aceitação. Nosso cabelo. O filme é uma lição para todos. Para aquela pessoa que não entende a fixação de uma negra por seu cabelo, para aquela outra que acha que pode e deve exigir perfeição de todos quando ela não se conhece, para aquela pessoa cheia de preconceitos contra si próprio, que não consegue ver sua verdadeira imagem, enfim... E traz representatividade as comedias românticas.
Violet Jones é uma publicitária bem-sucedida que considera sua vida perfeita, tendo um ótimo namorado e uma rotina organizada meticulosamente para conseguir estar sempre impecável. Após uma enorme desilusão amorosa, ela resolve mudar o visual e aceitar seu cabelo natural torna-se o gancho para aceitar a si própria, como mulher e superar traumas que vêm desde a infância e se colocar finalmente acima da opinião alheia. Estrelam Sanaa Lathan, Ricky Whittle, Lyriq Bent.
10 - Selma: Uma Luta pela Igualdade
(Selma), 2014: Um dos maiores ativistas negros de todos os tempos não podia não
estar nesta lista. Martin Luther King Jr.
Em 1964, enquanto Martin Luther
King Jr. recebe seu Nobel da Paz, diversos afro-americanos, como Annie Lee
Cooper de Selma, ainda não têm acesso a inscrição nos cadernos eleitorais. Para
garantir o direito de voto para todos os afro-americanos, Martin Luther King
então reúne-se com o presidente Lyndon B. Johnson, para que ele possa criar uma
lei que proteja os negros que querem exercer o direito ao voto. Martin, em
seguida, vai para Selma, no interior do Alabama, com Ralph Abernathy, Andrew
Young e Diane Nash para se encontrar com ativistas da Conferência da Liderança
Cristã do Sul (SCLC). Como Martin Luther King se torna importante, John Edgar
Hoover tenta convencer o presidente Johnson para monitorar e prejudicar ainda
mais seu casamento com Coretta King. Como as tensões vão aumentando, King e
seus sócios decidem realizar as Marchas de Selma a Montgomery, enfrentando a
violência das forças policiais locais, liderados pelo xerife Jim Clark e o
Governador George Wallace.
O longa de Ava DuVernay trata dos acontecimentos
históricos das Marchas de Selma a Montgomery, ocorridas em 1965, em plena a
movimentação em torno dos direitos civis aos negros norte-americanos. Foram 3
marchas pela Rodovia U.S. Route 80, hoje no Alabama como a “Rodovia Jefferson
Davis. Recomendo começar a ler mais a respeito por aqui
Filme indicado ao Oscar de melhor
filme em 2015 e melhor canção original (categoria que levou). Elenco conta David
Oyelowo como sr. King, Tom Wilkinson como Lyndon B. Johnson, Tim
Roth como George Wallace, Carmen Ejogo como Coretta King, e o rapper e ator
Common como James Bevel.
11- Malcolm X (1992): Outro dos maiores ativistas negros de todos os tempos também foi retratado no cinema. Spike Lee, traz no drama biográfico, protagonizado por Denzel Washigton, a história de Malcolm Little ou melhor Al Hajj Malik Al-Shabazz, mais conhecido como Malcolm X. O líder afro-americano teve o pai assassinado pela Klu Klux Klan e sua mãe internada por insanidade. Preso aos 20 anos de idade, Malcolm se converte ao islamismo como um discípulo messiânico de Elijah Mohammed. Ele se torna um fervoroso orador do movimento e se casa com Betty Shabazz. Malcolm X ora uma doutrina de ódio contra o homem branco até que, anos mais tarde, quando fez uma peregrinação à Meca abranda suas convicções. Foi nesta época que se converteu ao original islamismo e se tornou um Sunni Muslim, mas o esforço de quebrar o rígido dogma da Nação Islã teve trágicos resultados. Curiosamente Malcolm foi assassinado em 1965, mesmo ano das Marchas de Selma, mas não há correlação com elas.
12 - Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman),
2018: Spike Lee volta a tratar do que sabe muito bem, racismo. E volta com um
filme, produzido por Jordan Peele e baseado em fatos reais, infelizmente.
Em 1978, Ron Stallworth, um
policial negro do Colorado, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele
se comunicava com os outros membros do grupo por meio de telefonemas e cartas,
quando precisava estar fisicamente presente enviava um outro policial branco no
seu lugar. Depois de meses de investigação, Ron se tornou o líder da seita,
sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio
orquestrados pelos racistas.
O longa de Lee foi aclamado em
vários festivais ao longo do ano e deve figurar no Oscar de 2019. Não deixem de
assistir (inclusive ele foi uma das atrações da Mostra Internacional de Cinema
em SP este ano). John David Washington, Adam
Driver, Topher Grace estrelam.
Nos cinemas dia 22 de novembro.
Nos cinemas dia 22 de novembro.