Vida longa ao rei! (Divulgação) |
Feito com o coração no lugar certo
Por Fabricia Toledo
(Disney / Buena Vista) |
Pantera Negra
chegou aos cinemas e junto vieram as polêmicas do "levantar
bandeiras" referente a temas como política e representatividade e muitas pessoas
estão criticando o filme sem ver antes do que se trata. É um filme da Marvel e um filme de herói
antes de qualquer coisa; sendo assim, seu cerne é o de entretenimento. Então,
se você é daquela turma do “deixa quieto, não quero saber de discussão de
nenhum gênero” ou da turma que só quer ver um blockbuster por diversão, sim, esse filme é para você. Mas se você
é da turma que estava esperando representatividade racial ou/e igualdade de gêneros
ou até discussões de cunho mais político, sim, esse filme também é para você.
Você pode estar se perguntando “como isso é possível? Um filme que agrada públicos tão diversos?” Credito isso a escolha de diretor feita pela Marvel. Ryan Coogler é diretor jovem que justamente se tornou conhecido por tratar de temas da comunidade negra com uma visão moderna, sem cair em clichês e que consegue alcançar a todos seja por empatia ou por conhecimento de causa. Se ainda não assistiram os filmes anteriores do diretor, recomendo vê-los. Creed e Fruitvale Station mostram bem a sua assinatura.
Outro ponto que faz o filme palatável a todos os públicos é como foram tratadas essas questões-chave. As situações simplesmente estão ali porque fazem parte do dia a dia: Em Wakanda, as mulheres são vistas em pé de igualdade na sociedade; participam do conselho real, lideram exércitos, tal qual os homens. E isso é legal pra cacete! (E que elenco feminino, desde da novata Letitia Wright a Angela Basset, passando por Danai Gurira e Lupyta Nyong’o!). Todas as mulheres estão ali com papeis importantes que dão suporte ao rei T'Challa a tomar suas decisões. Não são mocinhas sofridas, não precisam se provar, não precisam convencer ninguém. Elas são o que são, partes importantes de um todo.
Você pode estar se perguntando “como isso é possível? Um filme que agrada públicos tão diversos?” Credito isso a escolha de diretor feita pela Marvel. Ryan Coogler é diretor jovem que justamente se tornou conhecido por tratar de temas da comunidade negra com uma visão moderna, sem cair em clichês e que consegue alcançar a todos seja por empatia ou por conhecimento de causa. Se ainda não assistiram os filmes anteriores do diretor, recomendo vê-los. Creed e Fruitvale Station mostram bem a sua assinatura.
Outro ponto que faz o filme palatável a todos os públicos é como foram tratadas essas questões-chave. As situações simplesmente estão ali porque fazem parte do dia a dia: Em Wakanda, as mulheres são vistas em pé de igualdade na sociedade; participam do conselho real, lideram exércitos, tal qual os homens. E isso é legal pra cacete! (E que elenco feminino, desde da novata Letitia Wright a Angela Basset, passando por Danai Gurira e Lupyta Nyong’o!). Todas as mulheres estão ali com papeis importantes que dão suporte ao rei T'Challa a tomar suas decisões. Não são mocinhas sofridas, não precisam se provar, não precisam convencer ninguém. Elas são o que são, partes importantes de um todo.
Protagonistas femininas importantes em pé de igualdade (Divulgação) |
Fora de Wakanda, há um mundo onde a comunidade negra sofre e o filme não deixa
isso sem ser discutido, tanto pelo lado dos mocinhos quanto dos vilões. Aliás, o
viés político não tem como ser deixado de lado quando temos uma nação que tem o
conhecimento tecnológico que tem, que vive alheia ao mundo externo, no qual
sabemos bem como as coisas ocorrem, e seu novo rei tem dúvidas se isso está
certo ou não. E temos um vilão que também vem questionar isso. É política e
essa política sempre esteve nas HQs de Pantera Negra, assim como sempre esteve
nas HQs do Stan Lee e até que enfim está na tela do cinema. Sem ser chato,
maçante... Repito, só estão ali, fazem parte do enredo, tornando o filme
factível aos nossos tristes dias.
Quanto à questão da representatividade, não cabe nem se alongar no tema. É um elenco quase que 100% de atores negros e vemos entrevistas de divulgação do filme que se dedicaram de corpo e alma ao que este filme representa para o momento da indústria cinematográfica. Temos somente Andy Serkis, que reprisa seu papel do vilão Garra Sônica, e Martin Freeman, também retornado como Everett Ross, de caucasianos de destaque no filme (ambos muito bem também, cabe o comentário). Tal qual Mulher Maravilha, um filme deste mostra o quanto a indústria precisa rever conceitos parciais quanto à escalação de personagens de modo geral, o quanto o whitewashing é nocivo e determina padrões inatingíveis, além de segregar pessoas. Que oportunidades podem e devem existir para todos.
Quanto à questão da representatividade, não cabe nem se alongar no tema. É um elenco quase que 100% de atores negros e vemos entrevistas de divulgação do filme que se dedicaram de corpo e alma ao que este filme representa para o momento da indústria cinematográfica. Temos somente Andy Serkis, que reprisa seu papel do vilão Garra Sônica, e Martin Freeman, também retornado como Everett Ross, de caucasianos de destaque no filme (ambos muito bem também, cabe o comentário). Tal qual Mulher Maravilha, um filme deste mostra o quanto a indústria precisa rever conceitos parciais quanto à escalação de personagens de modo geral, o quanto o whitewashing é nocivo e determina padrões inatingíveis, além de segregar pessoas. Que oportunidades podem e devem existir para todos.
Killmonger (esquerda), um vilão com causa (Divulgação) |
Além das discussões sociais, quero destacar rapidamente alguns pontos que, para mim, são problemas da Marvel que neste filme estão bem resolvidos:
· Habemus vilão com causa,
finalmente! Depois de Loki, chegou alguém que você entende verdadeiramente e
que é uma ameaça, que tem um discurso coerente com as atitudes em tela e o
mantém até o fim. Killmonger é aquele vilão que você odeia, mas ao mesmo tempo
entende que ele é fruto do meio. Meio ao qual todos nós pertencemos. Entende
suas decisões e o peso delas.
·
Piadinhas ao léu: Olha gente,
tem piada no filme, mas com contexto. No momento que tem que ter. Não na hora
de um discurso, no clímax da história para cortar a dramaticidade ou o peso da
situação. Piadas na hora certa são ótimas e super bem-vindas, afinal é um blockbuster, precisa ser divertido. Mas
não precisa acabar com uma cena mais pesada com uma piadoca tosca só porque tem
que fazer. Shuri, melhores citações!
De forma geral,
ainda não decidi se achei Pantera Negra o melhor filme da Marvel nestes seus 10
anos de vida. O filme tem seus problemas sim. O CGI é um desses problemas, bem
como algumas saídas de roteiro comuns a filmes de super-heróis que
particularmente não me agradam. Contudo, é a Marvel se arriscando em uma
entrega de algo mais, dentro de um risco calculado, obviamente, mas para mim, só
isso já valeu um grande parabéns. Os acertos são tantos que compensam outras
questões.
O filme vale o ingresso, vale a discussão, vale a diversão, vale pelas homenagens a James Bond, vale pelo elenco. Pantera Negra pode não ser o filme perfeito, mas é um filme feito com o coração no lugar certo.
O filme vale o ingresso, vale a discussão, vale a diversão, vale pelas homenagens a James Bond, vale pelo elenco. Pantera Negra pode não ser o filme perfeito, mas é um filme feito com o coração no lugar certo.