Rosamund Pike e Daniel Brühl em atuações sensacionais (Divulgação) |
7 Dias em Entebbe
Por Ana Cláudia Oliveira
Em seu mais recente filme “7 Dias em Entebbe” (7 Days in Entebbe) José Padilha aborda
mais um tema político, mas desta vez não muito familiar no Brasil: a Operação
Entebbe, também conhecida como Operação Thunderbolt.
(Diamond Films) |
Em julho de 1976, um avião da Air France com
destino à Paris foi sequestrado por revolucionários alemães e membros da Frente
de Luta para a Libertação da Palestina. Os sequestradores obrigaram o piloto a
mudar o rumo e o destino final passou a ser a cidade de Entebbe, Uganda, onde
tinham o apoio do ditador Idi Amin. Mais de cem passageiros judeus e
israelenses, juntamente com os tripulantes, foram mantidos reféns no saguão do
aeroporto em condições precárias aguardando a possibilidade de uma negociação
em troca da soltura de palestinos presos em Israel.
Com estreia marcada para o dia 12 de abril, este
longa promete abrir discussões sobre as questões políticas entre Israel e
Palestina, podendo até gerar uma pitada de polêmica. Além de tratar sobre um
tema delicado, o filme traz algumas metáforas em cenas de dança, cria
autointerrogamentos daqueles que permanecem na nossa massa cinzenta por um
longo tempo e o silêncio nos créditos nos leva a um luto real.
A atriz britânica Rosamund Pike e o
hispânico-alemão Daniel Brühl, em suas atuações sensacionais, interpretam e
humanizam os terroristas alemães Brigitte Kuhlmann e Wilfried Böse, os quais defendem um idealismo de esquerda mas acabam sendo vistos como nazistas por fazerem judeus e israelenses como reféns. É um tanto complicado correlacionar terrorismo com humanização, porém garanto que, ao assistir ao filme, esse ponto será esclarecido.
José Padilha explora uma trama com críticas explicitas e uma abordagem nua e crua sobre terrorismo (Divulgação) |
O diretor manteve a preocupação de dar exatidão aos
fatos por meio de entrevistas com os sobreviventes e membros da Operação
Thunderbolt, a qual é vista até os dias de hoje como uma missão de resgate de
grande sucesso. O filme não é partidário, é um relato de uma história militar
com críticas explícitas e uma abordagem ao assunto tabu, o terrorismo.
O que torna o filme excelente é seu enredo com foco
nas questões políticas somado a um trabalho de pesquisa cuidadoso e que
inclusive nos faz pensar em algumas situações que vivemos atualmente no nosso
país.
Anote aí o dia da estreia na sua agenda e não deixe
de prestigiar.